Outono de 2025 começa com previsão de calor e chuva abaixo da média no Rio Grande do Sul
- Andrei Nardi
- 20 de mar.
- 4 min de leitura
Estação de transição marca o fim do verão e a aproximação do inverno, com perspectiva de temperaturas elevadas e precipitação irregular
O outono de 2025 começou às 6h01 desta quinta-feira (20/03), no Hemisfério Sul, com o equinócio marcando a mudança de estação. Tradicionalmente um período de transição entre o calor do verão e o frio do inverno, a estação traz temperaturas mais amenas em parte dos dias, mas o calor ainda deve se fazer presente no Rio Grande do Sul.
Condições oceânicas e influência no clima
No início da estação, o Oceano Pacífico apresenta condição de neutralidade, sem a presença dos fenômenos El Niño ou La Niña. A anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Centro-Leste é de 0,3°C, dentro da faixa de neutralidade (-0,4°C a 1,4°C). Essa condição deve se manter ao longo do outono de 2025, embora haja registro de anomalias positivas nas temperaturas da superfície do mar em algumas regiões.
A neutralidade não significa normalidade e pode trazer extremos de temperatura e precipitação. Perto da costa da América do Sul, especialmente junto aos litorais do Peru e do Equador, há registro de águas superficiais mais quentes que a média — situação conhecida como El Niño Costeiro. Esse fenômeno reduz a probabilidade de entradas de massas de ar frio no Sul do Brasil, o que influencia diretamente o clima no Rio Grande do Sul neste início de outono.
Diferenças em relação ao outono de 2024
O cenário climático de 2025 é distinto do registrado em 2024. No ano ado, o outono foi marcado pelo maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul, com enchentes em rios e no Lago Guaíba. À época, havia um El Niño moderado a forte no Pacífico, com anomalia de 1,3°C no início da estação e o Atlântico Tropical com temperaturas recordes. Em 2025, o Pacífico apresenta transição de La Niña para neutralidade e não há registro de anomalias significativas no Atlântico Tropical, o que reduz a probabilidade de eventos extremos semelhantes aos de 2024.
Precipitação abaixo da média
A expectativa para o outono de 2025 no Rio Grande do Sul é de chuva abaixo da média na maior parte do estado. A estação marca uma mudança no regime de precipitações, que am a ser causadas, em sua maioria, pela agem de frentes frias e centros de baixa pressão, e não mais pela convecção típica do verão.
Mesmo com a tendência de redução das chuvas, episódios pontuais de precipitação intensa ainda podem ocorrer, especialmente associados à agem de frentes frias e quentes. Essas situações podem trazer volumes elevados de chuva em curto espaço de tempo, com possibilidade de temporais localizados, inclusive com granizo e vendavais.
Os mapas de anomalia de chuva para o trimestre abril a junho, segundo o modelo SEAS5 do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF) e do NMME (modelo norte-americano e canadense), indicam precipitações muito abaixo da média em várias áreas do Sul do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul. Essa condição gera preocupação para a agricultura, já que o déficit hídrico acumulado durante o verão permanece significativo, afetando mais de 200 municípios gaúchos que decretaram situação de emergência.
Temperaturas acima da média
O outono de 2025 deve registrar temperaturas acima da média em grande parte do Rio Grande do Sul, com maior probabilidade de desvios positivos no Noroeste e no Norte do estado. Santa Catarina e Rio Grande do Sul devem apresentar maior variabilidade nos termômetros, com períodos de temperaturas próximas da média e outros de calor acentuado.
A estação, que historicamente tem três períodos climáticos distintos, deve seguir esse padrão:
Até meados de abril, predominância de temperaturas elevadas, com episódios de calor intenso.
De meados de abril até a primeira quinzena de maio, aumento na frequência de dias amenos e frios, com possibilidade de geada em algumas áreas.
A partir da segunda quinzena de maio, as características climáticas se aproximam das observadas no inverno, com maiores chances de incursões de ar frio no Oeste e no Sul do estado.
Embora um outono rigorosamente frio seja improvável em 2025, há previsão de eventos pontuais de frio, inclusive com possibilidade de geadas esparsas, mas sem expectativa de frio persistente ou prolongado.
Fenômenos típicos da estação
O outono é marcado por grande amplitude térmica no Rio Grande do Sul, com diferença de até 20°C entre as temperaturas mínimas e máximas no mesmo dia. Esse contraste favorece a formação de nevoeiros e neblina, especialmente em maio e junho, meses com maior incidência do fenômeno em Porto Alegre, conforme dados do Aeroporto Salgado Filho.
As bruscas mudanças de temperatura são comuns, com queda de mais de 20°C em poucas horas após a agem de frentes frias. A estação também registra aumento na frequência de ciclones extratropicais, responsáveis por ventos fortes, conhecidos como Minuano, e por ressacas no Litoral Sul. As rajadas de vento podem variar entre 50 km/h e 100 km/h, com possibilidade de danos estruturais e interrupção no fornecimento de energia elétrica.
Além dos ciclones, a atuação de correntes de jato de baixos níveis traz ventos quentes e secos do Norte, que antecedem a chegada de frentes frias e influenciam as condições meteorológicas na região central do estado.
