Audiência em Getúlio Vargas mobiliza região contra pedágios no Bloco 2
- Andrei Nardi
- há 10 horas
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Deputado Paparico Bacchi defendeu uso do aporte público de R$ 1,3 bilhão para execução direta das obras, sem cobrança de tarifas pelos próximos 30 anos
Autoridades municipais e regionais, representantes do setor comercial e moradores participaram da audiência pública realizada na quinta-feira (22/05), na Associação Comercial, Cultural, Industrial, Agropecuária e de Serviços (ACCIAS), em Getúlio Vargas. O evento, promovido pela Frente Parlamentar Contra os Pedágios da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado estadual Paparico Bacchi, tratou dos impactos da concessão das rodovias do chamado Bloco 2, aprovado pela assembleia gaúcha.
Durante o encontro, Bacchi criticou duramente o modelo proposto pelo governo estadual, destacando o alto custo das tarifas projetadas e a ineficiência econômica resultante do pedagiamento:
“Pedágio é aumento de carga tributária. Queremos que o governo faça terceiras faixas e duplicações com os R$ 1,3 bilhão que pretende dar de presente às concessionárias.”
Segundo o deputado, a cobrança prevista, inicialmente apresentada em R$ 0,23 por quilômetro para veículos leves, poderia atingir até R$ 0,37 sem subsídios, posicionando-se entre as tarifas mais caras do mundo.
“Use-se o dinheiro público para as obras, sem pedágio por 30 anos, se preciso, reduza intervenções, mas sem cobrança”, reforçou Bacchi.
Outro ponto central da crítica é o impacto socioeconômico negativo causado pelos custos logísticos elevados no estado. Bacchi apontou dados alarmantes:
“A Europa gasta 6% do PIB em transporte; os EUA, 8%; o Brasil, 19%; o Rio Grande do Sul, 21%. O Estado perdeu 800 mil gaúchos em dez anos. O custo logístico empurra gente embora.”
O deputado ainda comparou a situação gaúcha com Santa Catarina, ressaltando que o estado vizinho não possui rodovias estaduais pedagiadas e cobra IPVA mais baixo (2% contra 3% no RS).
A rodovia ERS-135, que liga o Fundo a Erechim em quase 80 quilômetros, esteve no foco principal das discussões devido à sua importância econômica para os setores de grãos, proteína animal e indústria metalmecânica. Com quatro pórticos planejados, os usuários pagariam ao todo R$ 17,78 por travessia integral:
Coxilha (km 18,4): R$ 4,84
Sertão (km 30): R$ 4,04
Estação (km 46): R$ 4,26
Erechim (km 65): R$ 4,64
O Bloco 2 inclui, no total, 24 pórticos distribuídos por 415 quilômetros, abrangendo sete rodovias estaduais, com investimentos previstos de R$ 6,7 bilhões ao longo de 30 anos — dos quais R$ 1,3 bilhão são aportes públicos destinados a baixar tarifas e antecipar obras.
O governo estadual planeja realizar o leilão no segundo semestre deste ano. Em oposição, representantes regionais seguem mobilizados para pressionar pela execução direta das obras com o recurso público disponível e pedágio zero nas estradas gaúchas.
Fotos: Andrei Nardi / Grupo Sideral de Rádios